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Low carb: como funciona, o que comer e os erros que atrapalham seus resultados





Olá! Tudo bem? Sou a Dani e esse post fala sobre Low carb: como funciona, o que comer e os erros que atrapalham seus resultados.

  


A dieta low carb é uma das estratégias mais comentadas do século XXI, mas também uma das mais mal interpretadas. Ela nasceu como um método clínico para controle de glicemia e resistência à insulina, mas foi sequestrada pelo marketing do emagrecimento rápido. O problema é que, quando se simplifica a equação — “coma menos carboidrato e você emagrece” —, perde-se a compreensão do que realmente acontece dentro do corpo.

Low carb não é ausência total de carboidrato, e sim uma redução estratégica, capaz de mudar o metabolismo energético. A ideia é reduzir a ingestão de glicose para forçar o corpo a usar gordura como combustível. Isso, em teoria, melhora o controle glicêmico, aumenta a saciedade e ajuda na perda de gordura corporal. Mas o impacto vai muito além disso — e é aí que mora o interesse real para quem vive o movimento e o treino como profissão.

Quando o carboidrato cai, o organismo passa a depender mais dos ácidos graxos livres e dos corpos cetônicos. Esse processo reduz a oscilação de insulina e, consequentemente, de fome. Em indivíduos com resistência à insulina, síndrome metabólica ou obesidade, isso pode gerar ganhos expressivos. Só que o corpo é adaptativo. Ele se ajusta — e, se o estímulo nutricional não acompanhar a demanda do treino, o rendimento despenca.

Nos treinos de alta intensidade, a ausência de glicogênio muscular se torna um gargalo. A via glicolítica é a principal responsável pela produção rápida de energia. Sem substrato, a força cai, o volume diminui e o tempo de recuperação se alonga. O praticante começa a se sentir “sem gás” e, muitas vezes, interpreta isso como preguiça ou overtraining, quando, na verdade, é pura limitação energética.
Em esportes de endurance, a história muda um pouco. O metabolismo aeróbico se beneficia de uma eficiência maior no uso de gordura como combustível, e o atleta pode sustentar longos períodos com menor dependência de reposição de carboidratos. Mesmo assim, a adaptação leva semanas e exige controle rigoroso da ingestão proteica e de micronutrientes.

A grande falha de quem tenta seguir o modelo low carb é confundir restrição com desorganização alimentar. Cortar pão, arroz e massa não significa comer bem. Uma dieta pobre em carboidrato não pode ser pobre em nutrientes. Vegetais, fontes de gordura de boa qualidade (como azeite, abacate e castanhas) e proteínas variadas são essenciais. É nesse ponto que o conhecimento científico se torna indispensável: o déficit calórico não é a única variável — a densidade nutricional é o que sustenta a saúde a longo prazo.

Há também o fator hormonal, frequentemente ignorado. Reduções bruscas de carboidrato podem impactar a conversão do hormônio tireoidiano T4 em T3, afetando o metabolismo basal. Além disso, o cortisol tende a se elevar em resposta ao estresse metabólico, o que, paradoxalmente, pode dificultar a perda de gordura. Em mulheres, essa combinação pode alterar o ciclo menstrual, reduzir a leptina e gerar sintomas típicos de baixa disponibilidade energética.

Outro erro comum é acreditar que “quanto menos carboidrato, melhor”. Em muitos casos, o platô na perda de peso surge justamente porque o corpo entra em modo de economia. O metabolismo desacelera, a termogênese cai e o corpo começa a defender reservas. Não é falta de disciplina, é fisiologia pura.
Por isso, a periodização nutricional é tão importante quanto a do treino. Há momentos em que reduzir carboidrato faz sentido — por exemplo, em fases de definição corporal, em pacientes com resistência à insulina ou em períodos de menor volume de treino. Mas também há momentos em que o aumento controlado de carboidratos (“refeed”) é necessário para restaurar a sensibilidade metabólica e manter a performance.

Para o professor de Educação Física, compreender isso é essencial. Mesmo que a prescrição dietética não seja sua atribuição direta, entender os efeitos metabólicos e hormonais da low carb ajuda a interpretar respostas do aluno. O profissional que observa queda de rendimento, irritabilidade e dificuldade de recuperação precisa considerar o contexto alimentar antes de ajustar o treino.
Não se trata de opinar sobre dieta, mas de ler o corpo com inteligência — entender que a performance depende da sinergia entre estímulo, substrato e recuperação.

A low carb pode ser uma ferramenta excelente quando bem conduzida, principalmente em fases de reeducação alimentar ou em contextos de sobrepeso. Mas como toda intervenção metabólica, ela exige critério, acompanhamento e propósito. Não é sobre cortar pão — é sobre ensinar o corpo a usar a energia com mais eficiência, sem comprometer o equilíbrio fisiológico.

No fim, a questão não é se o low carb “funciona”, e sim se ele faz sentido para aquele corpo, naquele momento, com aquele objetivo. E essa é a diferença entre quem repete protocolos e quem entende de processo.

 


Espero que você tenha gostado da nossa abordagem.

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