Olá! Tudo bem? Sou a Dani e esse post fala sobre Dieta cetogênica: benefícios, riscos e como adaptar à sua rotina de treino.
Falar de dieta cetogênica é mexer em terreno movediço — principalmente quando se trata de aliar performance física e estratégias nutricionais. O discurso popular simplifica: “basta cortar carboidrato que o corpo começa a queimar gordura”. Mas quem trabalha com corpo humano sabe que nada é tão simples assim. A cetogênica pode ser uma ferramenta poderosa, mas depende de um olhar clínico, um raciocínio fisiológico bem calibrado e, acima de tudo, de contexto.
A base da cetogênica é deslocar o metabolismo da glicose para os corpos cetônicos — um estado em que o fígado passa a produzir energia a partir da gordura. O organismo entra em “cetose nutricional”, e isso muda toda a lógica de uso energético durante o exercício. Para quem vive em déficit calórico, há uma melhora na oxidação de gordura e um certo controle do apetite. Para alguns, é libertador; para outros, um desastre metabólico.
Do ponto de vista da performance, o raciocínio precisa ser mais cuidadoso. Exercícios de alta intensidade — sprints, treinos de força, esportes coletivos — dependem da via glicolítica. Sem glicogênio muscular suficiente, o corpo sofre para sustentar volume e intensidade. Isso explica por que muitos atletas que tentam seguir cetogênica de forma rígida sentem queda de rendimento, fadiga precoce e até alterações de humor e sono.
Por outro lado, em modalidades de endurance, onde a eficiência metabólica é mais relevante do que a potência, há relatos de boa adaptação. Alguns triatletas e corredores de longas distâncias relatam melhora na estabilidade energética e menor dependência de reposição de carboidratos. Mas mesmo nesses casos, a adaptação não acontece do dia para a noite. O corpo leva semanas para aprender a usar gordura como combustível principal sem comprometer o desempenho.
Há também a questão hormonal e imunológica. A baixa ingestão de carboidratos, se mantida por longos períodos, pode interferir na função tireoidiana, alterar marcadores de estresse e comprometer a resposta imune. Em mulheres, especialmente, a cetogênica pode bagunçar o ciclo menstrual e reduzir a disponibilidade energética relativa — algo perigoso para quem treina com frequência alta. É o tipo de intervenção que exige monitoramento, exames e ajustes individualizados.
No campo da composição corporal, a cetogênica pode, sim, ser eficiente. A redução de glicogênio e água associada gera uma perda de peso inicial rápida, o que costuma empolgar. Mas a sustentabilidade a longo prazo é outro assunto. Muitos pacientes e alunos relatam cansaço mental, irritabilidade e dificuldade de manter o padrão social e alimentar. Não é que a dieta não funcione — é que, muitas vezes, ela não cabe na rotina.
O que faz diferença não é “a dieta da moda”, e sim a capacidade de entender o corpo que se tem, o treino que se faz e o objetivo que se busca. Em contextos específicos — como obesidade, resistência à insulina e protocolos de emagrecimento controlado — a cetogênica pode ser uma boa estratégia temporária. Mas em treinos de força, construção de massa magra ou fases de alta carga, a ausência de carboidratos cobra caro.
O papel do professor de Educação Física, nesse cenário, é enxergar o quadro todo. Saber que a energia vem de mais do que calorias — vem da coerência entre estímulo, recuperação e nutrição. E que o desempenho ideal não nasce de restrições extremas, mas de ajustes finos e sustentáveis.
A ciência já entendeu o que o marketing ainda não: não existe dieta milagrosa, existe adaptação inteligente. O que funciona para um corpo pode ser exatamente o que limita outro. Por isso, antes de cortar grupos alimentares ou transformar o treino em experimento metabólico, o caminho mais inteligente é construir uma base sólida — treino consistente, sono adequado, hidratação e uma relação saudável com a comida.
A cetogênica pode ser uma ferramenta — mas nunca um estilo de vida forçado.
Espero que você tenha gostado da nossa abordagem.
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